(Nelson Rodrigues)
sábado, 17 de fevereiro de 2007
O Frevo
"Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar... com pedrinhas de brilhantes para meu amor passar..."
Os mais velhos não se cansam de repetir que apesar de só agora o frevo estar festejando o trajeto do seus primeiros cem anos, parece impensável haver existido um tempo em que se vivia o carnaval sem ele. Esses mais velhos, não aqueles ancestrais pioneiros cujas mãos souberam tão bem ouvir, interpretar e escrever a melodia irrequieta que vinha da própria alma, fazendo e saudando o nacimento romântico desse ritmo, invadiram os salões desde os anos trinta, e cresceram, e cantaram, e dançaram no abraço frágil e belo com a felicidade que só o carnaval era capaz de plantar, mesmo breve, pelos sons de uma canção ou da sedução de um flerte, de uma promessa do olhar. São esses homens e mulheres hoje serenizados pelo tempo que se espantam em descobrir que só agora a raiz das músicas de suas alegrias, essa raiz cujos frutos semeam cada vez menos a muitas ruas e poucos bailes do carnaval atual, alcança o seu século inaugural e mesmo assim insiste, no seu toque de eternidade, em aparentar sempre haver existido.
O que os mais velhos talvez ainda não enxerguem, ou não queiram aceitar, é que o frevo, apesar de jovem, há muito está morrendo. Pois hoje, não é por uma composição de Capiba ou de Nelson Ferreira que as agremiações carnavalescas atravessam o ano a esperar e nem tampouco por algo que se assemelhe a elas em feitiço ou arte. Os feitiços auditivos até perduram, mas agoram apelam somente pela atenção do corpo, e nunca do coração. E, como duas sentinelas irmãs e solitárias, só em Recife e Olinda o carnaval permanece inflexível em ceder, imerso nas orquestras de frevo que são a sua origem, a sua identidade e, queiram os anjos da Providência, também o seu futuro.
Que as mãos e ouvidos da juventude não se omitam ante o passado, mas sim aceitem o firme desafio de ouví-lo e dele trazer, renovado, esse ritmo para sempre devoto dos sonhos que, repetia o poeta, "o homem cultiva, como dálias ocultas, no mistério do próprio coração".
Os mais velhos não se cansam de repetir que apesar de só agora o frevo estar festejando o trajeto do seus primeiros cem anos, parece impensável haver existido um tempo em que se vivia o carnaval sem ele. Esses mais velhos, não aqueles ancestrais pioneiros cujas mãos souberam tão bem ouvir, interpretar e escrever a melodia irrequieta que vinha da própria alma, fazendo e saudando o nacimento romântico desse ritmo, invadiram os salões desde os anos trinta, e cresceram, e cantaram, e dançaram no abraço frágil e belo com a felicidade que só o carnaval era capaz de plantar, mesmo breve, pelos sons de uma canção ou da sedução de um flerte, de uma promessa do olhar. São esses homens e mulheres hoje serenizados pelo tempo que se espantam em descobrir que só agora a raiz das músicas de suas alegrias, essa raiz cujos frutos semeam cada vez menos a muitas ruas e poucos bailes do carnaval atual, alcança o seu século inaugural e mesmo assim insiste, no seu toque de eternidade, em aparentar sempre haver existido.
O que os mais velhos talvez ainda não enxerguem, ou não queiram aceitar, é que o frevo, apesar de jovem, há muito está morrendo. Pois hoje, não é por uma composição de Capiba ou de Nelson Ferreira que as agremiações carnavalescas atravessam o ano a esperar e nem tampouco por algo que se assemelhe a elas em feitiço ou arte. Os feitiços auditivos até perduram, mas agoram apelam somente pela atenção do corpo, e nunca do coração. E, como duas sentinelas irmãs e solitárias, só em Recife e Olinda o carnaval permanece inflexível em ceder, imerso nas orquestras de frevo que são a sua origem, a sua identidade e, queiram os anjos da Providência, também o seu futuro.
Que as mãos e ouvidos da juventude não se omitam ante o passado, mas sim aceitem o firme desafio de ouví-lo e dele trazer, renovado, esse ritmo para sempre devoto dos sonhos que, repetia o poeta, "o homem cultiva, como dálias ocultas, no mistério do próprio coração".
sábado, 3 de fevereiro de 2007
Uma Cruzada pela Verdade
Esta página virtual não há de jamais servir como mastro para uma bandeira partidária nem tampouco como mera serviçal de vaidades, oportunismos ou sentimentos mesquinhos sempre tão frágeis e miúdos ante as indomáveis ventanias da história, da verdadeira História. Esta página, agora transformada em trincheira da velha e renovada aspiração humana em decifrar os segredos guardados pelo silêncio dos que já se foram e nos incontáveis registros que puderam deixar de herança, para assim interpretar um pouco mais do que somos e do que podemos e devemos fazer a serviço da dignidade do homem, é, e haverá de ser sempre, a vigília humilde e firme na defesa da verdade que, não importa quão imensa seja a violência do engodo, é única, indivisível, absoluta. Por ela e por nós, pelo nosso presente e, mais ainda, pelo nosso futuro, é preciso se devotar ao conhecimento verídico dos fatos e das idéias, das virtudes e dos desatinos. E se, ao final da jornada, essa devoção nos ofertar a sagrada auto consciência sobre nós mesmos como também o instrumental moral e teórico para auxiliarmos ao encontro com um destino mais feliz para o mundo, aí estará a nossa felicidade e a nossa salvação.
Aqui, na pequenina vila do Natal, faremos, nesta coluna, a nossa resistência, a nossa causa, a nossa trincheira. E, nesse tempo obscuro, ouvindo o eco dos tambores da tirania cada vez mais onipresentes nas funções de governo e de Estado, desfiguradas pela marcha incessante de uma revolução tão trágica quanto anunciada, esperamos e pedimos pelo comentário, pela ajuda, pelo aplauso e pelo combate dos que venham a nos ler. Tragam a sua consciência livre para esta arena onde a única parcialidade é o amor pela moral, pelo conhecimento e pela verdade que ensina, que adverte, que assombra e que, enfim, abençôa.
Aqui, na pequenina vila do Natal, faremos, nesta coluna, a nossa resistência, a nossa causa, a nossa trincheira. E, nesse tempo obscuro, ouvindo o eco dos tambores da tirania cada vez mais onipresentes nas funções de governo e de Estado, desfiguradas pela marcha incessante de uma revolução tão trágica quanto anunciada, esperamos e pedimos pelo comentário, pela ajuda, pelo aplauso e pelo combate dos que venham a nos ler. Tragam a sua consciência livre para esta arena onde a única parcialidade é o amor pela moral, pelo conhecimento e pela verdade que ensina, que adverte, que assombra e que, enfim, abençôa.
Thiago Holanda
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